segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PRAÇA DA MATRIZ (tudo passou aqui)

Tudo se passou aqui.
Naquele tempo não havia essas árvores,
As gramas nem eram tão verdes,
E as pessoas eram mais amáveis.
Pipoqueiro só havia um,
Que chamávamos de pipoqueiro
E suas filhas de pipoqueiras.
Sorveteiro também só havia um,
Ficava ali do outro lado da rua
Bem no canto da calçada.
Comprar nem pensar, nós não tínhamos dinheiro.
Aquele coreto ali era Ágora de Atenas.
Mais o assunto predileto eram as meninas,
Principalmente as internas que passeavam com as freiras,
Sempre ao anoitecer.
Tudo se passou aqui,
Os jogos do time do coração,
Ouvia-se no radio de pilha dos colegas abonados.
Aqui conquistei amores,
Perdi amores,
Dos amigos que tocávamos violão,
Sentados ao pé do chafariz, cada um tomou seu rumo,
Dormíamos depois da meia noite,
Até chegar a hora de comprar pão quente,
Na única padaria da cidade.
Alguns partiram e não voltaram,
Outros foram, voltaram e não foram mais.
Um deles Deus levou,
Acho que o céu ganhou e nós perdemos.
Tudo passava por aqui, sem muita pressa.
Sentar aqui e recordar é especial,
As pessoas mudaram, mas, velha praça continua a mesma.
As passarelas rachadas pelo tempo,
Ainda formam o mesmo desenho.
A Matriz imponente continua como antes,
E meu coração como Flesch Black.

LOUCURAS

O que é mesmo loucura?
Eu gostaria muito de saber.
Loucura seria subir em um edifício de trinta andares?
Se detesto altura,
Por você eu faço.
Loucura seria vestir a camisa do clube adversário?
Se acho as cores mais feias do mundo?
Por você eu faço.
Loucura seria atravessar navegando o oceano?
Dá-me enjôo só de pensar.
Por você eu faço.
Loucura seria abandonar uma vida confortável?
Sem celular, TV a cabo, cartão de crédito...
Por você eu faço.
Loucura seria voltar ao começo?
Abdicar de tudo?
Por você eu também faço.
Loucura seria ouvir música sertaneja ou aquelas bandas de forró?
Por você eu até assisto os DVDs.
Acho que loucura mesmo é ter coragem de confessar
Todo o meu desejo por você,
E se você tiver coragem de assumir essa loucura,
Você verá a loucura que tenho coragem de fazer.

CONGRESSO DO AMOR

Dizem que um dia em qualquer lugar da terra, aconteceu um Congresso para definir o AMOR. Para ele, foram convidados vários especialistas e estudiosos para que assim, a humanidade tivesse de forma clara a definição da palavra AMOR.
Só podiam entrar no recinto os convidados, e sem direito a acompanhante.
Então começou o Congresso, e só para o encaminhamento das definições foram dois meses. A reunião se transcorria por alguns anos e nada de chegarem a uma definição da palavra AMOR.
Todos já estavam cansados e sem resultado satisfatório, ninguém chegava se quer em concordar com o outro.
Várias definições foram expostas, tais como: “O AMOR é um sentimento profundo” ou “o maior de todos os sentimentos”. Os fanáticos religiosos chegaram a dizer que “o AMOR verdadeiro só o de Deus” e até virou discussão entre os céticos que julgavam ser ofensa ao tema em pauta.
Os poucos criativos, sempre querendo fazer adendo às idéias dos outros, porém nada de concreto. Foram citados de Willian Shakespeare a Dias Gomes. Don Casmurro de Machado de Assis foi tema de discordância, quando alguém perguntou: “seria AMOR o que Bentinho sentia por Capitú?”
Depois de vários longos anos chegaram a uma conclusão que teriam de finalizar o congresso no dia seguinte, mesmo sem definição nenhuma que houvesse concordância, e assim fizeram.
Ao cair da tarde, quando o relator concluía seus trabalhos, o rapaz que servia água e sucos durante as reuniões entrou na sala pela última vez com a travessa trazendo alguns copos d’água, quando alguém, em tom de brincadeira, bradou: se todos que estão nessa sala têm direito de opinar porque não o garçom? O dirigente da reunião disse: é pertinente; o senhor poderia dar sua opinião sobre o que significa o AMOR.
O rapaz vermelhou na hora e disse: “eu não sou estudioso, tenho vergonha em opinar, vou dizer besteira”, porém os sábios e estudiosos do AMOR insistiram tanto que depois de alguns minutos, cabisbaixo ele falou: ”para mim o AMOR, é um troço que vem não sei de onde, que aperta o coração da gente pra fazer não sei o quê.”
Só se ouviu um grande aplauso e todos concordaram.











A PRACINHA DA MINHA CIDADE

Na pracinha da minha cidade todos passeiam por lá,

O garoto com a caixinha de engraxar sapatos, olhando os pés de todo mundo.

O vendedor de bombons torcendo por um romance para oferecer ao namorado e este ofertar à namorada.

As banquinhas de churrasquinho com uma ou duas mesas de ferro, adornada por cadeiras que atolam suas pernas no asfalto recente, formando orifício e enfeando a rua.

Na pracinha da cidade, a qual dá para a bela e imponente rodoviária, com sua escadaria que serve de pula-pula para as crianças, correndo o risco de escorregar, cair e se machucar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

OS RECREIOS "os ônibus da Amazônia" pág. 21

...Lembro-me como se fosse hoje, as águas banhando o casco, inclusive molhando os pneus dos dois automóveis que estavam dentro do recreio, também era normal transportar automóveis ou quaisquer mercadorias junto aos passageiros. Quamdo todos andam ilegais, a ilegalidade parece legal...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Gostaria (Livro de Coração Pra Coração, pag. 108)

Gostaria de ouvir de você que me adora,
Mesmo dizendo depois, mas não posso.
De ouvir que deseja, Mesmo dizendo depois, mas é proibido.
Gostaria de ouvir seus sussurros,
Mesmo que tivesse que acordar logo.
Gostaria de ouvir que você sentiu minha falta,
Mas você não gostaria de admitir isso.
Gostaria de ouvir você dizer que está querendo me dá um beijo,
Mas tem gente nos olhando.
Gostaria de ouvir que sua tentação,
Mas tem que tirar esse pecado de sua cabeça.
Adorai ouvir de você "é hoje",
E depois, mas estou com medo...
Gostaria de ouvir de você que quer sentir meu cheiro,
Mas precisa se controlar.
Gostaria de ouvir de você que sou seu dono,
Mas você não admite isso.
Adoraria ouvir de você que somos loucos,
Mas você não quer assumir essa loucura.
Doraia ouvir tudo isso de você,
mesmo depois você negando tudo.
Assim eu teria certeza que o que você sente por mim,
É a metade do que sinto por você.